Recentemente recebi uma notícia que me fez pensar: "R$ 1,5 bilhões é o que o mercado de música gospel movimenta por ano". Há quem considere estes números uma vitória, afinal a música é uma ferramenta para o "mover do Espírito Santo" e a "unção" que recaí sobre milhões de fiéis todos os anos e em quase todos os shows. Há quem defenda que o nome de Deus nunca foi tão glorificado. E também há quem diga que o evangelho nunca foi tão pregado. Não vou discutir o mérito ou os números. Quero questionar: o cristianismo conseguiu isto a custo de quê?
“Contente-se e conforme-se” é tudo o
que eu ouço quando tento questionar esta crescente gospelização que em outras palavras pode ser escrito: a crescente
MUNDANIZAÇÃO. Hoje, um cristão tem ao seu alcance exatamente as mesmas coisas
que ele tinha em sua vida secular, porém com uma diferença, tudo agora é
gospel. Quer um exemplo? Funk gospel, sertanejo universitário gospel, cerveja
gospel, briga gospel, palavrão gospel... A fórmula é a seguinte, pegue algo
secular, acrescente a palavra gospel e pronto – está santificado. A conversão
não é mais 180 graus, passou a ser ou 90 ou 360 graus. Não há mudança, é
simplesmente uma histeria, ou como queiram: uma overdose de sentimentos. Ser
cristão virou algo simples, não é mais uma questão de vida ou morte, é uma
questão de estar de bem ou de mal com a sociedade – que já está gospelizada.
Paulo escreve aos Efésios “Não
sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as”.
Não vou afirmar, não neste artigo, que todo o cenário da indústria gospel
brasileira está ou provém das trevas; mas afirmarei que em grande parte são
obras infrutíferas. À gospelização do
evangelho alavancou forma exponencial o número de fiéis no Brasil. Em dez anos o
número quadriplicou, e hoje, cerca de 40% da população se declara “Crente”,
sim, o “Crente protestante”. Mas como pode? Imaginem se metade deste número (20
milhões) dobrassem seus joelhos e clamassem a misericórdia de Deus, a força e o
sustento aos missionários perseguidos, e a verdadeira propagação de seu Santo
Evangelho. Imaginem 20 milhões de pessoas a uma só voz pedindo a Deus o auxílio
para uma vida santa e de compromisso com o evangelho de Cristo Jesus. “Imaginem
todas essas pessoas clamando: Oh, vem Senhor Jesus; sua Noiva o aguarda”. O que
estamos fazendo? Estamos moldando nossas vidas de acordo com o mundo; sendo nós
cidadãos dos céus. Muitos não percebem a urgência do momento e muito menos os
sinais. 200 mil pessoas foram à Marcha para Jesus este ano e qual a mudança?
Milhares de convertidos e cadê a luz? Quase metade do país se diz convertido;
seriam estes o sal imprestável ou cristãos omissos e insubmissos?
Como eu já disse no início do artigo
muitos consideram estes números uma vitória. Então, estamos ricos, certo? O
trabalho de evangelização vai de vento em poupa ok? Vamos ver o que mais a
Bíblia tem a dizer:
Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a
testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Conheço as tuas
obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! Assim,
porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha
boca; pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem
sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. Aconselho-te que de
mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas
para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e
colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas. Eu repreendo e disciplino a
quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te. Eis que estou à porta e bato; se
alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com
ele, e ele, comigo.
Não me atreverei em aprofundar mais
o artigo – hoje não, agora não. Espero que este trecho de Apocalipse fale tudo
quanto e até mais e de forma melhor do que eu tenho a dizer.
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