Gálatas 1.6-9
Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema.
Boa noite irmãos. A
última vez em que pude falar, eu abordei Gálatas 1.1-5 onde podemos notar que
Paulo não foi enviado aos Gálatas por intermédio de homens, mas sim por
intermédio de Deus, isto é, a sua
autoridade apostólica não provinha de homens, mas de Deus quem o constituiu
apóstolo dos gentios. O mesmo vale também para o evangelho que Paulo
carregava, evangelho que foi recebido de
Jesus Cristo por revelação[1]. Neste mesmo contexto
pudemos também ver que Paulo, mesmo que totalmente desmoralizado pelos
judaizantes, tinha total entendimento da sua incumbência e do seu chamado – que
era ministrar aos gentios o evangelho
recebido de Cristo[2] – e assim pode começar
esta carta com uma autodefesa humilde,
porém irrebatível. Paulo não se gloriou em suas credenciais carnais, antes,
confirmou o seu chamado ao ministério como recebido do próprio Senhor. Isto
é muito importante para que compreendamos o próximo parágrafo, leiamos então Gl 1.6-9.
Os judaizantes chegaram à
Galácia pouco tempo depois de Paulo e, para desmoraliza-lo, atacaram a sua
autoridade apostólica com inúmeras acusações falsas. Contudo, mesmo com a
reputação já manchada pelas mentiras daqueles que o difamavam, Paulo estava mais admirado (surpreso) pelo fato dos
gálatas terem abandonado tão facilmente o evangelho da fé e recebido um falso
evangelho de obras do que propriamente com a sua imagem. Isto não significa
que Paulo não tenha defendido o seu apostolado; isto ele fez isso e muito bem,
pois um servo de Deus não poderia jamais ser difamado sem requerer o respeito
devido a ele como um ministro enviado pelo Senhor. Antes, porém, para Paulo a
salvação dos gálatas e a pregação do evangelho puro eram mais importantes e
estavam mais em foco do que a sua própria imagem em si. Por isso a Epístola aos
Gálatas é conhecida hoje, e desde sempre, como a Grande Carta Patente da
Liberdade Cristã. Deixem-me ler uma pequena definição do Livro de Gálatas: “Gálatas nos livra de todas as opressivas
teologias de salvação através dos esforços humanos e conclama os cristãos à fé
e à liberdade em Cristo. Toda e qualquer doutrina que ensina a salvação pela fé
acrescida de alguma obra ou esforço humano é veementemente negada por esta
epístola”.
No coração de Paulo ardia
uma preocupação incessante[3] com os Gálatas, pois além
de temer que o seu trabalho fosse em vão, eles estavam muito próximos de uma
apostasia[4]. Este é o teor deste
parágrafo e hoje quero expor um pouco sobre a real importância do evangelho da
graça e de Deus pelo qual muitos morreram inclusive Paulo. Antes leiamos mais
uma vez este trecho.
Justificação pela fé:
este é o ponto de partida e a principal doutrina do evangelho; “justificação pela fé somente” – disse Lutero.
Aqueles que perturbavam e queriam perverter o evangelho de Cristo eram
enganadores que não guardavam a lei[5] e não queriam ser
perseguidos por causa da cruz de Cristo[6], eram falsos querendo
separar o rebanho de seu pastor. A verdade é que se estes conseguissem consumar
seus desejos, os Gálatas estariam fadados à novamente a escravidão[7] e a prospecção do
evangelho encontraria graves problemas. Esta
carta foi um remédio contra uma poderosa bactéria chamada obras. Ora, o
homem por si só, é fascinado por obras, este é o problema. Os judaizantes
pregavam algo mais agradável para se ouvir – agradável somente aos loucos e
imaturos – pois o que pregavam era palpável
e visível em primeira instância, em outras palavras, em um primeiro momento é mais agradável de se ouvir que a salvação depende
de você e do que você faz do que ouvir que você precisa acreditar e esperar
para obte-la [ilust.=bis[8]].
Portanto, o problema do homem e dos gálatas é: eles apenas se atentaram para as
coisas que se veem (coisas temporais) e não
para as que se não veem que são eternas[9].
Satanás sabe muito que todos nós temos esta dificuldade e usa todas as
artimanhas para enganar a qualquer um que estiver despreparado para cegar o
homem e assim domina-lo.
Irmãos, nãos nos deixemos
ser enganados ninguém pode jamais ganhar
o favor de Deus; tudo o que o homem pode fazer para a salvação é apenas receber
o amor de Deus e, como por um ato de fé, se entregar completamente sem recursos
e sem defesa; confiando na promessa de Deus de que o sangue de Cristo é a
propiciação que manifesta e satisfaz a justiça de Deus[10]
e que temos vida eterna ao crermos no nome de Jesus Cristo[11].
E quanto a nós? Sabemos
identificar a perversão do evangelho moderno? Somos facilmente iludidos? Nos últimos
anos surgiu algo chamado indústria gospel; será que ela é fiel ao evangelho?
Até que ponto estamos sendo cúmplices das obras infrutíferas das trevas? Devemos estar firmes e sóbrios em nosso
testemunho e assim como Paulo fez, quando necessário devemos tomar uma posição
e considerar anátemas todos quantos pregarem outro evangelho que não seja o de
Cristo Jesus, mesmo que seja um anjo ou alguém de confiança.
Quando este grupo de
anátemas (os judaizantes) chegou à Galácia e facilmente fascinaram os gálatas com
um evangelho completamente diferente (do grego hetero); Paulo precisou
repreender e corrigir a conduta dos gálatas
ante cujos olhos foi Jesus Cristo exposto
como crucificado[12]. Não sejamos
tolos, o abandonar o verdadeiro evangelho é abandonar Cristo; que é apostasia
e, apostasia, é adultério espiritual[13].
Irmãos, vivemos hoje uma
explosão gospel sem precedentes na história e se pensamos estar em pé vejamos que não caiamos[14].
Portanto precisamos nos esmerar no conhecimento do evangelho e no cumprimento
das ordenanças do Senhor. Não digo com
isto que nossa igreja tem falhado em seu modo de andar; mas diante um texto
como este precisamos nos atentar para o que acontece ao nosso redor, ao que
entra em nossas casas, ao que nossos filhos veem ao que nós vemos. Devemos andar de modo digno da vocação a
que fomos chamados[15],
pois Deus nos chamou na graça de Cristo para pertencermos à sua Igreja.
Precisamos ser luz onde há trevas, precisamos levar a esperança para os
perdidos. Mas antes de tudo; precisamos examinar a nós mesmo. Precisamos enxergar neste texto o
sentimento de Paulo, sentimento que considerava anátema toda e qualquer
perversão do evangelho de Cristo. Paulo amava a Cristo e se considerava escravo
do seu evangelho. Assim também devemos nos portar imitando ele, pois ele
foi imitador de Cristo[16].
Outro ponto importante é
que Deus não poupou o seu próprio Filho para nos desarraigar deste mundo
perverso e tudo isso porque Deus, o Pai, tanto nos amou. Quanto valor damos
para este fato em nosso cotidiano? A vontade de Deus é que prossigamos em
santificação e em constante crescimento espiritual, o que significa cada vez
mais comunhão com Ele para a glória dEle.
Por final, se já vivemos
no Espírito, devemos também andar no Espírito[17] e assim jamais
satisfaremos as obras da carne.
[1] Gl 1.12
[2] Rm 15.16
[3] 2Co 11.28
[4] Gl 5.12
[5] Gl 6.13
[6] Gl 6.12
[7] Gl 5.1
[8] “Eu tenho aqui apenas um
bombom [fazer gesto e pegar bombom invisível] quem quiser venha e pegue-o
[esperar reação]. Ok! Acho que ninguém me entendeu, vou repetir. Eu tenho aqui
apenas um bombom [pegar o bombom de verdade] quem quiser venha e pegue-o
[conclusão].
[9] 2Co 4.18
[10] Rm 3.25
[11]Jo 20.31
[12] Gl 3.1
[13] Bíblia de Referência
Thompson
[14] 1Co 10.12
[15] Ef 4.1
[16] 1Co 11.1
[17] Gl 5.25
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